terça-feira, 15 de novembro de 2011

Bento XVI sobre a parábola dos talentos: não usá-los seria faltar com a finalidade da própria existência


Cidade do Vaticano (RV) - No Evangelho de hoje – a parábola dos talentos – Jesus nos convida a refletirmos sobre os dons que recebemos e sobre como usá-los para o crescimento do Reino de Deus.

Foi o que ressaltou Bento XVI ao meio-dia deste domingo, no Angelus, acrescentando que a Palavra de Deus nos exorta à sobriedade, à vigilância e a uma vida cristã ativa e diligente.

Na célebre parábola dos talentos Jesus fala de três servos aos quais o patrão – recordou o Papa –, antes de partir para uma longa viagem, confia seus recursos. Dois deles fazem frutificar os bens recebidos. O terceiro servo, ao invés, cavou um buraco na terra e escondeu o talento. Voltando para casa, o patrão se compraz com os dois primeiros servos e fica desiludido com o terceiro:

"De fato, aquele servo que manteve o talento escondido sem valorizá-lo, calculou mal: comportou-se como se o seu patrão não tivesse que voltar, como se um dia não tivesse que prestar conta de sua ação."

O talento – acrescentou o Pontífice – não pode ser separado da missão confiada pelo Senhor a cada pessoa:

"Com essa parábola, Jesus quer ensinar os discípulos a usarem bem os seus dons: Deus chama todo homem à vida e lhe dá talentos, confiando-lhe, ao mesmo tempo, uma missão a ser cumprida. Seria procedimento de um insensato pensar que esses dons lhe são próprios, bem como renunciar a utilizá-los seria faltar para com a finalidade da própria existência."

Bento XVI recordou o comentário de São Gregório Magno à página evangélica dos talentos:

"Ele escreve: "por isso é necessário, meus irmãos, que tenham todo cuidado na custódia da caridade, em toda ação que devem realizar" (Homilias sobre os Evangelhos, 9,6). E após ter precisado que a verdadeira caridade consiste no amar tanto os amigos quanto os inimigos, acrescenta: se alguém não tem essa virtude, perde todo bem que possui, é desprovido do talento recebido e é jogado fora, nas trevas."

"A caridade – observa o Papa – é o bem fundamental que ninguém pode deixar de frutificar e sem o qual todo outro dom é inútil." "Somente praticando a caridade também nós podemos tomar parte da alegria do nosso Senhor."

A parábola deste domingo "nos adverte acerca do caráter provisório da existência terrena e nos convida a vivê-la como uma peregrinação", mantendo o olhar voltado para a meta, "aquele Deus que nos criou e, como nos fez para si (cfr S. Agostinho, Conf. 1,1), é o nosso destino último e o sentido do nosso viver".

Dito isso, o Santo Padre acrescentou:

"A morte é passagem obrigatória para alcançar tal realidade definitiva, seguida do juízo final. O Apóstolo Paulo recorda que "o dia do Senhor virá como um ladrão de noite" (1 Ts 5,2), ou seja, sem aviso prévio. A consciência do retorno glorioso do Senhor Jesus nos impele a viver numa atitude de vigilância, esperando a sua manifestação na constante memória da sua primeira vinda."

Após a recitação do Angelus, saudando os peregrinos de língua francesa, o Pontífice confiou a viagem que de sexta-feira a domingo próximos fará à República do Benin – África Ocidental – à oração dos fiéis, bem como os esforços daqueles que no continente trabalham pela segurança das populações, a reconciliação e a paz.

Bento XVI também recordou que neste domingo se celebra o Dia Mundial do Diabetes, doença crônica que aflige muitas pessoas. "Rezo por todos esses irmãos e irmãs – disse o Papa – e por aqueles que partilham a sua faina diária."

O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica. (RL)

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